Museu: Sonatas para Alaúde e Monocórdio
De onde eu estava aquelas estátuas antigas pareciam maiores. O par de óculos que vira em retratos estava deixado na mesa, como se Freud estivesse por ali. Mas não estava. E em sua ausência eu vi a diferença entre o homem público e o homem em seu recolhimento. Desse último, vê-se a humanidade que fica impregnada nas coisas. E enquanto tocava meu alaúde eu vi Freud nas coisas. Eu o vi nas estátuas, nos tapetes, na mesa, nas quinquilharias e nos pertences da filha. Eu descobri um homem bem maior do que supunha, pois ele estava despido de sua publicidade. Nessa nudez calara-se a voz dos escritos. Apenas uma voz sussurrante vinha das coisas humanizadas. E assim eu me distraí da música que tocava e ela ficou em mim. Eu, Antonio Quinet e Ana Vicentine encenaríamos Hilda e Freud. Era a estreia da “Cia Inconsciente em Cena” na casa que um dia foi de Freud e hoje é um museu.
Pode ser adquirido diretamente em: zed2004@gmail.com